domingo, 28 de setembro de 2014
Síria: Coligação anti-jihadista amplia seus ataques na Síria e no Iraque
Damasco - A coligação anti-jihadista liderada pelos Estados Unidos ampliou neste sábado seus ataques na Síria e no Iraque, onde aviões britânicos realizaram sua primeira missão.
Os novos ataques aéreos liderados por caças americanos, mas que também tiveram a participação da Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, atingiram sete alvos na Síria e três no Iraque, segundo o comando americano para o Oriente Médio e Ásia Central (Centcom).
Os ataques na Síria tiveram como alvo especialmente a região curda de Ain al-Arab (Kobane em curdo), no norte do país, onde um edifício usado pelo Estado Islâmico (EI) e dois veículos blindados foram atingidos.
Apesar destes bombardeios - os segundos realizados pela coligação internacional esta semana na região - os jihadistas do EI atacaram com foguetes Ain al-Arab, forçando 160.000 pessoas a se refugiar na vizinha Turquia devido ao avanço dos jihadistas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Os foguetes, "lançados pelo EI a partir de colinas 8 quilómetros a oeste de Kobane", deixaram 12 feridos, informou à AFP o director do OSDH, Rami Abdel Rahmane, destacando que "é a primeira vez que foguetes do EI atingem a vila desde a ofensiva lançada contra esta região em 16 de Setembro".
Os ataques da coligação também tiveram como alvo a província de Raqa (norte), considerada reduto do grupo extremista sunita, onde "um aeroporto controlado pelo EI, uma caserna e um campo de treinamento foram atingidos", segundo o Centcom.
As operações, que começaram na terça-feira após ataques semelhantes realizados desde Agosto no Iraque, são hoje conduzidas "quase continuamente", segundo uma autoridade americana, que não quis se identificar.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), outros ataques foram direcionados pela primeira vez na província de Homs, enquanto se concentravam até então principalmente no leste e norte do país, onde o EI controla extensas áreas.
As muitas atrocidades, incluindo a decapitação de estrangeiros, cometidas pelo EI em áreas sob seu controle levaram os Estados Unidos a criar uma coligação internacional para "destruir (...) a rede da morte", nas palavras do presidente Barack Obama.
Esta aliança recebeu um reforço de peso na sexta-feira com a decisão do Reino Unido de atacar os jihadistas no Iraque, onde apenas os Estados Unidos e a França têm atuado.
Neste sábado, dois caças-bombardeiros Tornado GR4 da Royal Air Force (RAF) deixaram a base de Akrotiri, no Chipre, "sobrevoam o Iraque e estão prontos para serem utilizados em combate" se alvos forem identificados, informou o ministério da Defesa em um comunicado.
Dinamarca e Bélgica também decidiram participar da coligação, enviando seus caças F-16 para futuros ataques no Iraque. Segundo uma fonte do ministério da Defesa francês, Paris considera a possibilidade a ampliar as operações para a Síria.
Além disso, neste sábado, o Irão anunciou que atacará os jihadistas do Estado Islâmico caso se aproximem de sua fronteira."Se o grupo terrorista Daesh (acrônimo em árabe do Estado Islâmico) se aproximar de nossa fronteira, nós atacaremos no território iraquiano e não permitiremos que se aproximem de nossa fronteira", declarou o general Ahmad Reza Purdastab.
Na sexta-feira a coligação atacou na Síria instalações petroleiras controladas pelos jihadistas na província de Deir Ezor (leste), um centro de comando do EI, próximo a Al Mayadin, na mesma província, assim como a instalações petroleiras e a uma base dos jihadistas na província de Hasaka (nordeste).
O grupo ultrarradical controla amplos setores nas cinco províncias iraquianas, incluindo em Diyala, no leste, na fronteira com o Irão. Ali, o exército iraquiano, apoioado por milícias xiitas, conseguiu recuperar neste sábado uma represa controlada por jihadistas.
O EI suspendeu a extração de petróleo em seis campos que controla em Deir Ezor por medo dos bombardeios americanos, ficando sem uma importante fonte de renda, informaram nesta sexta-feira os moradores da região.
Desde julho, o EI controla a maior parte da província petroleira de Deir Ezor e a maior parte dos campos de petróleo da região, segundo o OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido.
O EI produz mais petróleo do que o governo sírio. O ministério do Petróleo sírio estima que os jihadistas extraiam 80.000 barris diários, enquanto a produção governamental caiu até os 17.000 barris diários.
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